O Boavista vai falhar hoje o segundo jogo seguido no quarto e último escalão da Associação de Futebol (AF) do Porto, disse à agência Lusa fonte do clube, que deverá enfrentar um processo do Conselho de Disciplina daquele organismo.
Solidárias com as dívidas da SAD 'axadrezada', que tem cinco impedimentos de inscrição de novos jogadores junto da FIFA, as 'panteras' deveriam visitar o Ventura às 20:00, em Leça da Palmeira, mas viram essa partida da jornada inaugural da Série 5 ser anulada pela AF Porto, já depois do seu adiamento no fim de semana de 13 e 14 de setembro
Os portuenses tiveram ainda a recepção ao Águias de Gaia, da segunda ronda, transferida de 21 de setembro para 30 de novembro, sendo que, na terceira, em 05 de outubro, não disputaram a visita ao Panteras Negras FC, fundado em julho por adeptos contestatários da atual direção e cuja designação faz referência à claque e ao nome original do Boavista.
Esse desafio também foi anulado pela AF Porto, com o clube 'axadrezado' a encarar uma derrota administrativa, cenário enquadrado pelo organismo através do sexto ponto do 58.º artigo do respetivo regulamento disciplinar, que também se aplicará na visita ao Ventura.
"É equiparada à falta de comparência a situação em que um clube, às 12:00 do último dia útil anterior a um jogo, não tiver inscrito um número suficiente de jogadores que o possam representar, podendo a AF Porto proceder à desmarcação do jogo", lê-se no documento.
Fonte ligada ao processo disse à Lusa que o Boavista deverá enfrentar um processo disciplinar para avaliar se os seus dois embates se enquadram em faltas de comparência.
De acordo com os pontos três e dois dos artigos 58.º e 46.º do regulamento, em caso de falta de comparência injustificada em dois jogos oficiais seguidos ou três interpolados, o clube infrator é desclassificado da prova em que está inserido e multado em 600 euros.
Questionado pela Lusa, o presidente do Boavista, Rui Garrido Pereira, disse que recebe "desde o primeiro instante promessas da SAD" sobre o levantamento dos impedimentos, mas não controla o processo, em que "não há diferença entre clube e SAD para a FIFA".
"O Boavista está a ser fortemente prejudicado por uma realidade em que não tem qualquer responsabilidade e que afeta ainda o futebol de formação. O número de atletas na academia do clube aumentou significativamente este ano, mas os impedimentos de inscrição levaram-nos a ter de anular a criação da equipa C de sub-17, que era maioritariamente constituída por atletas mais novos", ilustrou.
O clube ainda não competiu em 2025/26, ao contrário da respetiva SAD, 18.ª e última classificada da divisão principal da AF Porto, que já perdeu fora com Nogueirense (2-0) e Rio Tinto (2-0), para a quarta e sextas rondas, e visita pelas 20:00 o Aliados de Lordelo, naquela cidade do concelho de Paredes, num encontro em atraso da segunda jornada.
A SAD liderada pelo senegalês Fary Faye tem alinhado com antigos e atuais atletas da respetiva equipa de sub-19, da II Divisão nacional daquele escalão, e continua a tentar desbloquear as restrições da FIFA - uma incide sobre três períodos de inscrição e quatro têm duração ilimitada -, que já tinham vigorado em anos anteriores e reapareceram entre março e agosto, impossibilitando, para já, a utilização dos reforços oficializados no verão.
A Boavista SAD deveria disputar a II Liga em 2025/26, mas não conseguiu inscrever-se nas provas organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e, mais tarde, também viu negado o licenciamento para participar na Liga 3, tutelada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), sendo relegada para os escalões distritais da AF Porto.
A ausência de pressupostos financeiros sustentou esse desfecho e levou o clube a criar uma equipa sénior independente da SAD, cujo direito de apresentar um plano de recuperação foi aprovado por maioria pelos credores, que votaram por unanimidade a continuidade da atividade 'axadrezada'.
A liquidação do clube também foi ratificada em assembleia de credores, ao rejeitarem o adiamento por 30 dias da votação do plano de recuperação da direção de Rui Garrido Pereira, que já recorreu da deliberação e não inscreveu a equipa na Taça da AF Porto.
Despromovido à II Liga em maio, após fechar a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas consecutivas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título conquistado em 2000/01.
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